quinta-feira, 19 de maio de 2011

“Plágio é a ausência da pessoa em si mesma.”



Algumas pessoas, às vezes, escrevem tudo o que gostaríamos de escrever, falar, dizer, viver… São as simples coincidências do sentir que habitam em qualquer mortal. Não que os sentimentos sejam os mesmos, mas é que as sensações são meio parecidas – então, alguém de longe escreve tudo o que vivemos aqui por perto detalhando com precisão as vivências. Coisas da vida. Coisas de sentimentos… Coisas de palavras… Coisas de poetas e suas sensibilidades.

Sentimentos não são egoístas, mas são originais…

Cada um sente do seu jeito, porém algumas maneiras sentimentais são parecidas, e os domadores de palavras conseguem traduzir com precisão todo o sentir que mora dentro de si, e de nós. No entanto isso não dá o direito de um desconhecido furtar as palavras escritas, mesmo que o sentir descrito seja parecido.

Pegue emprestado, mas não domine as palavras e sentimentos do outro.

É por isso que te peço, pare de repetir meus versos dizendo que são seus!

Pare de traduzir as minhas palavras e de “inventar” versos recitando como se fossem escritos por ti. As minhas palavras são inconfundíveis e revelam os meus sentimentos, minhas pressões, minhas opiniões e minhas pressas.

Se quiser me parafrasear: use aspas, reticências, grife as minhas letras, mas não as tome para ti, porque isso é roubar palavras. E roubar palavras é roubar sentimentos. Não gosto de ver minhas frases espalhadas por ai assinadas por ti.

Peça licença, para poder entrar!

Não sou egoísta a ponto de não querer emprestar versos. Quem sou eu para ser egoísta? Quem sou eu para não querer ser parafraseada? Sinto-me lisonjeada em ler os meus versos espalhados por ai, porém quero ser apenas respeitada. Só quero que as minhas palavras sejam minhas e pronto, e ponto. Minhas palavras com nomes e codinomes que eu inventei, porque ali os meus sentimentos estão expostos nos
versos que rasguei da alma e das palavras que soprei do coração.

Não roube minhas letras, nem rabisque meus pronomes. Por mais que o sujeito seja oculto ou interrogativo, sou eu que estou ali. Mesmo perdida no meio do caminho, é o meu caminho, o meu perder…

Pare, procure as suas palavras e não as minhas!

Você não faz idéias de quantas madrugadas eu virei e de quantas lágrimas eu derramei para poder compor aquelas letras. Não pode imaginar o quanto eu cantarolei e caminhei pelas areias da praia escrevendo com o vento. Você não pode imaginar o quanto há de estações em mim para criar curta contos e pensamentos. Então, por favor, não copie as minhas idéias e palavras misturadas.

Viva a sua vida, procure os seus versos, escreva os seus sentimentos e nãos as minhas frases clichês rabiscadas numa manhã de sol ou num dia de chuva. Seja verdadeiro com você e com as palavras, com todas elas… Não cate as minhas palavras em seu palheiro de mentiras e ilusões.

Eu sei, repito palavras, mas quem nunca repetiu? Mas você repete temas e só os torna diferente, quando rouba minhas frases dizendo ser suas. Está na cara, ou melhor, nas letras que os sentimentos são meus, e todos reconhecem isso!

Na minha mortalidade eu repito palavras e cito Cecília, Clarice, Shakespeare e tantos outros imortais que tiveram o mesmo sentir, porém cito, coloco entre aspas, dou nomes; mas você continua a roubar as minhas e tantas outras palavras, sem ao menos creditá-las.

Na minha mortalidade, sigo repetindo versos e aprendendo com os mestres das letras. Nas minhas madrugadas frias vou escrevendo sentimentos, nos dias de sol e tardes de tempestades sigo escrevendo alegrias. E você? Onde está? Continua ai, no seu esconderijo, roubando palavras.

Roube livros, mas não roube nomes, nem vidas, mesmo que sejam vidas de papel!

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Quem sou eu além daquele que fui?
Perdido entre florestas e sombras de ilusão
Guiado por pequenos passos invisíveis de amor
Jogado aos chutes pelo ódio do opressor
Salvo pelas mãos delicadas de anjos
Reerguido, mais forte, redimido,
Anjos salvei
Por justiça lutei
E o amor novamente busquei

Quem sou além daquele que quero ser?
Puro, sábio e de espírito em paz
Justo, mesmo que por um instante,
Forte, mesmo sem músculos,
E corajoso o suficiente para dizer “tenho medo”

Mas quem sou eu além daquele que aqui está?
Sou vários, menos este.
O que aqui estava, jamais está
E jamais estará
Sou eu o que fui e cada vez mais o que quero ser
Mudo, caio, ergo, sumo, apareço, bato, apanho, odeio, amo…
Mas no momento seguinte será diferente
Posso estar no caminho da perfeição
Cheio de imperfeições
Sou o que você vê…
Ou o que quero mostrar.
Mas se olhar por mais de um segundo,
Verá vários “eus”,
Eu o que fui, eu o que sou e eu o que serei.