sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eu e o Rio

Parece que eu desaprendi totalmente como escrever. Minhas linhas estão cada vez dificeis, de tal forma que as palavras saem tortas e meu português, que tantas vezes foi tão eloquente e cheio de metáforas escritas facilmente, anda brigado com acentos, virgulas, travessões e até com os simples pingos de letras tão simples estão fugindo de mim. Todos estão fugindo. Parecem querer manter minha página em branco. Mas o que nenhuma letra ou frase ou palavra conseguiu entender ainda é que não há página em branco depois de tantas coisas ditas e feitas. Não há como apagar. Da mesma forma do rio, o livro nunca mais será o mesmo. Nem eu.


Adrenalina.

E essa teimosia, essa minha mania de sempre acreditar na vida, nas pessoas, no justo e no sonho sempre terminam por me fazer perceber que quanto mais os anos passam por mim, menos aprendo com eles. Mesmo quando minhas pernas sabem qual caminho seguir, os pés não obedecem. Meu corpo segue nessa contradição sem fim que me maltrata, me sufoca, me estasia. E então percebo que o que me alimenta é essa adrenalina. Mas não consigo me conformar. Pelo menos, não com tão pouco.



Quanto mais eu tento entender, menos eu chego perto de qualquer explicação plausível para esse quadro que pinto da minha vida. E eu acho mesmo que cada uma de nós deveria vir com um manual. Daqueles bem explicativos. Porque ganhar um presente novo e ficar com aquele brilho nos olhos nos primeiros momentos do dia só de pensar que se tem o dia todo pra aproveitar, não ter é cinza. Não poder é cólera. E, no fim das contas, o melhor era, talvez, nem ter ganho nada.